Debater o mercado e ampliar as ferramentas de atuação são temas do ERSA Nordeste

31/08/2022 | Nacional

As mudanças do mercado profissional e os intensos ataques aos direitos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) foram os cernes dos dois dias de debate do Encontro Regional de Sindicatos de Arquitetos (ERSA) Nordeste. As atividades, que aconteceram em Recife (PE), contaram com a participação dos Sindicatos de Arquitetos e Urbanistas do Estado de Pernambuco (Saepe), Bahia (Sinarq-BA) e Rio Grande do Norte (Sinarq-RN), além do diretor regional da Federação Nacional dos Estudantes de Arquitetura e Urbanismo (FeNEA), Luccas Brito. “Esses encontros presenciais são extremamente importantes para debatermos pautas, especialmente sobre melhores condições de trabalho com apoio da estrutura sindical. Como os demais trabalhadores, os arquitetos e urbanistas vêm sofrendo com a plataformização e terceirização dos seus serviços”, explica a presidente da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), Eleonora Mascia.

A mesa de abertura, realizada na sede do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco (CAU/PE) na sexta-feira (26/08), foi uma oportunidade de os sindicalistas levantarem questões sobre o piso salarial dos arquitetos, a tabela de honorários e as condições dignas de trabalho do país. A necessidade de implementar a Lei do Salário Mínimo Profissional, de 1966, também chamou a atenção. “Temos que fazer valer o piso salarial para o exercício em arquitetura e urbanismo, tanto no setor privado, quanto na administração pública. Podemos discutir a atualização da regulamentação do piso salarial e seu índice de reajuste, mas não abrir mão deste direito fundamental” , afirma Eleonora.

Expandir o universo dos softwares livres dentro da arquitetura e do urbanismo também marcou o primeiro dia do ERSA Nordeste. Ministrada pelo arquiteto e urbanista Allan Brito, a oficina “Solare – Aprenda a trabalhar com softwares livres para arquitetura e urbanismo” foi uma oportunidade de abordar a parte técnica dos programas e aprofundar a relação do usuário com a liberdade da plataforma. “Sempre fazemos a analogia de que a utilização de softwares proprietários é como você ser dono de uma casa, mas não ser dono do terreno aonde ela se encontra. Por isso, começar a utilizar programas de uso livre é a melhor forma de sempre ter acesso aos seus projetos”, exemplifica Brito. O profissional ainda aproveitou a oportunidade para tirar dúvidas dos sindicalistas e ensinar os primeiros passos de programas como GIMP, Blender, Inkscape e QCAD. É possível acompanhar o lançamento de novos cursos e oficinas através do site do Solare.

As atividades de sábado (27/08), que foram realizadas na sede do Habitat para a Humanidade Brasil, começaram com as discussões a respeito da mobilização e os desafios que os sindicatos têm enfrentado para se manterem atuantes. Os profissionais ainda debateram o 46º Encontro Nacional dos Sindicatos de Arquitetos e Urbanistas (ENSA), que acontece em Brasília (DF) nos dias 24 a 27 de novembro, e esperam que seja um momento de repensar a estrutura dos sindicatos e estabelecer uma agenda de lutas coletivas.

A finalização do ERSA Nordeste ficou nas mãos da Oficina T.A.B.A., que trouxe aos sindicalistas a forma de utilização da Cartilha, tanto dos sindicatos para as suas bases, quanto nas atividades de formação junto aos profissionais e universidades. As práticas foram ministradas pelas arquitetas e urbanistas e sócias do escritório AH! Arquitetura Humana, Karla Moroso e Taiane Beduschi. “A publicação permite que façamos vários exercícios que ajudam os arquitetos a compreenderem os desafios que envolvem trabalhar na área. E hoje, queremos propor para vocês uma oportunidade de enxergar que cada profissional, dependendo de seu perfil pessoal, precisa trabalhar de uma forma específica”, explica Taiane.

A primeira atividade da Oficina consistiu em entregar a cada representante sindical uma diferente persona, envolvendo lugar e personalidade, e através da Cartilha encontrar em que tipo societário o perfil melhor se encaixava. “É uma oportunidade de testar a publicação enquanto ferramenta pedagógica”, afirma Karla. A segunda parte da atividade consistiu em debater o trabalho digno do arquiteto e urbanista, onde foi possível desenvolver um diagrama de estratégias para exceder os desafios que a classe tem enfrentado do que diz respeito a formação técnica e política e valorização profissional.

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